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sexta-feira, 8 de abril de 2016

Porque optei por usar cosméticos e produtos naturais no cabelo

Meu cabelo antes da gravidez. Nessa epoca já usada as técnincas No Poo e Low Poo

Há cerca de dez anos mantenho meu cabelo natural, livre de químicas que modifiquem a fibra capilar e textura, como alisantes. Nesse processo de transição descobri como ele é e quais melhores formas de deixá-lo bonito e saudável. 

Quando iniciei, poucas linhas de produtos da indústria de cosméticos eram direcionados a cabelos crespos/cacheados e a internet foi como um laboratório em que aprendi receitinhas e técnicas (principalmente naturais). Hoje virou um fenômeno e as grandes empresas viram que poderiam ganhar muito dinheiro incluindo a gente como público consumidor. Fico feliz com isso pois passei anos anos invisibilizada e hoje as crespas/cacheadas têm a opção desses produtos específicos que respeitam as particularidades que existem.

Para entender meu cabelo e o que e estava usando nele tive que estudar. Estudar a função do xampu, condicionador, creme de pentear, máscara de hidratação, óleo etc… Entender como cada produto funciona na estrutura capilar. Com isso descobri que a maioria deles contém substâncias químicas que não fazem muito bem a estrutura dos nossos fios.

Como os cosméticos podem fazer mal ao cabelo?

Uma das matérias que me ajudou a entender como essa associação produtos x cabelos funciona foi a da revista de divulgação científica Pesquisa FAPESP (julho/2007), feita pelo jornalista Ricardo Zoretto e intitulada “Fio a Fio: Testes revelam como cosméticos, em muitos casos, danificam o cabelo”.  A matéria divulga testes realizados pela cientista Inés Joekes e sua equipe, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) que mostram como esses produtos podem ser danosos a estrutura do cabelo.

O uso do xampu, por exemplo, pode destruir pequenas partículas que modificam a estrutura do cabelo. “O simples uso diário de xampu faz mais do que eliminar as partículas de sujeira, de poluição e o sebo do couro cabeludo que se acumula nos fios. Ele é tão eficiente que remove até mesmo pequenas partes do próprio fio, contribuindo para produzir danos microscópicos em sua estrutura, alterar a cor e torná-lo mais  quebradiço, em especial nas pontas,” expõe o jornalista em seu texto. Os testes ainda apontam que a fricção que fazemos no uso do xampu no couro cabeludo é responsável por 90% dos danos à cutícula e é visível a olho nu através do que chamamos de “ponta dupla”.

Pensando em como esses produtos podem ser agressivos a estrutura dos cabelos cacheados que a Lorraine Massey, autora do best seller Curly Girls e da linha de produtos para cabelos Deva Curl, criou os conceitos No Poo e Low Poo, que tem como princípio a não utilização de xampus ou que não tenham em sua composição o sulfato de sódio, agente causador da espuma. Atualmente linhas de cosméticos industriais como a Lola ou a Yamá criaram fórmulas que atendem essas demandas que o cabelo crespo/cacheado, já que são mais ressecados devido a estrutura dos fios.

Pensando no que pode ser melhor para mim e meu corpo, decidi usar as duas técnicas na lavagem e diminuir o uso de produtos que tenham parabenos, óleo mineral, silicones industriais e sulfato.

Não preciso ter uma farmácia de produtos para cabelo

Até entender o que meu cabelo precisa para ficar saudável passei por vários processos e entre eles foi entender qual produto se adaptava melhor com meu tipo de cacho, por exemplo. Meu maior conflito foi enfrentar a ditadura dos cachos perfeitos e passar horas cuidando do cabelo para que ele fique super definido, sem frizz e volumoso! Cheguei a comprar muita coisa que no final virou lixo ou tornou-se desnecessária. 

Quando engravidei decidi cortar meu cabelo curtinho e a partir daí minha relação com ele mudou por completo. Percebi que não precisava criar nenhum cronograma capilar ou técnica para deixar os cachos perfeitos. Meu cabelo era livre e eu também! Não precisava me tornar escrava de cosméticos e nem ter vários deles para me sentir bem e feliz com meu corpo, afinal cabelo é corpo.

Nessa transformação decidi tomar uma posição política em relação ao meu cabelo, que é buscar cada vez mais o uso de produtos e cosméticos naturais. Essa decisão veio naturalmente e associada a três princípios: resgate das práticas e tradições dos cuidados ancestrais de respeito com o corpo e a natureza; valorização e fortalecimento do empreendedorismo feminino (principalmente o negro); relação saudável e econômica com meu dinheiro.

Babosa é uma planta muito utilizada para fazer hidratações caseiras. É encontrada em feiras livres ou casa de produtos naturais. (Foto da internet)

Hoje digo que consegui ser fiel aos princípios e quando as pessoas me perguntam e pedem dicas do que usar no cabelo, eu sempre indico o que encontramos na natureza ou  - minha relação de amor - os cosméticos da Ewé, feitos por Mona Soares, farmacêutica, fitoaromaterapeuta e artesã de cosméticos naturais.

Perceber as mudanças que o não uso de produtos industriais fizeram no meu cabelo demorou um certo tempo, mas hoje percebo que aquele esforço que eu fazia para mantê-lo hidratado não é mais necessário. Com o uso do xampu sólido, condicionador e um pouquinho de creme de pentear ou óleo de coco ele está lindo e sedoso. E gastando muito pouco (acredite!). Muitas vezes o mito de que produtos naturais ou feitos à mão são caros isentam as pessoas de se permitirem conhecer rotas alternativas, fora a influência que a mídia/publicidade tem sobre a gente. O post “Cosméticos naturais são caros?” do blog Herbalismo e Alquimia, de Mona Soares é maravilhoso e pode te ajudar a desmistificar o consumo de produtos artesanais.

 Quais cosméticos para o cabelo eu uso?

Segue uma listinha do que uso e minha relação com cada produto:

  • Creme de cabelo mel e dendê da Ewé: deixa meu cabelo super hidratado e cheiroso e só uso ele apenas uma vez, após a lavagem. No dayafter sinto que ele tem brilho e maciez suficiente para não precisar de mais nada! Compro na loja virtual da Ewé
  • Óleo de coco natural: compro na feira livre de minha cidade do interior e uso tanto no cabelo após a lavagem (junto com o creme ou sem) e também no corpo substituindo o hidratante;
  • Babosa: uso a baba para hidratar o cabelo junto com a hidratação, acho sempre na feirinha;
  • Condicionador de Andiroba e Copaíba da Ewé: a melhor invenção de todos os tempos, porque muitas vezes uso somente ele pra lavar, pois serve como xampu e condicionador (2em1) e deixa meu cabelo super lindo e hidratado;
  • Creme de pentear Yamasterol (do amarelo): uso após lavagem ou as vezes quando o cabelo ta meio se graça, misturo com água e aplico nele seco;
  • Xampu sólido Ewé (castanha): É um sabonete, no início você pode achar estranho. Sinto meu couro cabeludo bem limpo e não espumam tanto. Na verdade já usei vários, esse é o mais atual. Meu cabelo só não se adaptou o xampu de coco, mas os outros me dei super bem. No blog da Ewé (clique aqui) tem dica de como lavar o cabelo com esse tipo de xampu.
  • Xampu, condicionador e máscara hidratante da Bio Extratus linha Pós-Progressiva: amo muito essa linha e meu cabelo se dá super bem. Não contém muitos produtos que são agressivos ao cabelo como parabenos e o sulfato.
Digo sempre que toda escolha - seja ela qual for - é política. Eu optei por começar por essa e tem feito muito bem, principalmente porque já foi replicada no meu filho que não usa nenhum sabonete industrial. Não quero que ninguém se sinta obrigado a seguir meu ritmo e nem condeno quem usa produtos industriais, mas acredito que é preciso mostrar que existem alternativas para tudo que se faz e consome.

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